O comportamento humano é resultante da combinação da história da espécie (filogênese), história particular do indivíduo (ontogênese) e história das práticas culturais (sociedade). Acreditamos que o organismo humano é indivisível (visão monísta) e encontra-se em constante interação com o ambiente. Por uma questão didática utilizamos o termo orgânico, não orgânico (psicológico) e misto para melhor compreensão das possíveis causas das disfunções sexuais. As causas psicológicas (aprendizagem) são as que provocam mais Disfunções Sexuais Femininas (DSF). São, geralmente, ligadas a (os):
• Fatores religiosos e culturais;
• Fatores educacionais ligados à repressão sexual, rigidez dos pais e moralidade social;
• Falta de informações sobre sexo e sexualidade;
• Mulheres muito ansiosas, estressadas ou que usam substâncias psicoativas;
• Fatores ligados à autoestima e a autoimagem, como a necessidade de ter um corpo perfeito;
• Experiências sexuais negativas ou traumáticas na infância ou adolescência: abuso sexual, assédio moral, punição severa, etc.
• Presença de transtorno de personalidade associado: obsessão e compulsão, borderline, etc.
Causas puramente orgânicas ou mistas (orgânica e psicológica) são de menor prevalência, podendo acontecer devido a(os): transtornos hormonais, transtornos neurológicos, transtornos endócrinos ou metabólicos, lesões cirúrgicas ou traumatismos e enfermidades ligadas ao sistema nervoso.
As DSF's mais comuns são (1):
Desejo Sexual Hipoativo: deficiência persistente ou recorrente ou ausência de fantasias, pensamentos e/ou desejo sexual, de receptividade ou de atividade sexuais, causando desconforto à mulher.
Aversão Sexual: persistência ou recorrência de aversão fóbica e evitação do contato sexual com parceiros (as), causando desconforto pessoal.
Disfunção de Excitação: inabilidade persistente ou recorrente, de obter ou manter suficiente excitação sexual ou bloqueio da lubrificação vaginal ou de outros componentes da resposta excitatória.
Anorgasmia: dificuldade, retardo ou incapacidade de obter orgasmo após suficiente estímulo sexual e excitação, causando desconforto à mulher.
Dispareunia: dor persistente ou recorrente associada com o intercurso vaginal (penetração).
Vaginismo: recorrência ou persistência de espasmos involuntários da musculatura do terço externo da vagina interferindo no coito vaginal, impedindo quase sempre ou sempre a penetração, causando desconforto pessoal.
Dor Sexual Não-coital: dor genital ou extragenital, recorrente ou persistente, induzida por estímulos sexuais não coitas.
A mulher que apresenta alguma disfunção sexual deve procurar um psicólogo que seja terapeuta sexual para uma avaliação comportamental sexual. É necessário que o terapeuta sexual encaminhe a cliente para exame ginecológico com o objetivo de descartar alguma etiologia (causa) orgânica. Em seguida, será iniciado o tratamento da cliente.
Utilizo a Terapia Comportamental para o tratamento das disfunções sexuais. É uma terapia focada na queixa da cliente de curta duração
A terapia comportamental objetiva aplicar os princípios de aprendizagem experimentalmente estabelecidos. Seu propósito é superar hábitos impróprios, que causam sofrimento significativo à pessoa, através dos princípios da dessensibilização, do reforço e da extinção modificando o comportamento do cliente.
Utilizo o seguinte protocolo de tratamento para disfunção sexual feminina:
Passo 1º. Fazer levantamento do histórico de vida da cliente
Passo 2º. Aplicar os Inventários de Sexualidade
Passo 3º. Encaminhar a cliente para uma avaliação ginecológica: exames laboratoriais e físicos
Passo 4º. Análise Funcional: identificar as variáveis externas das quais o comportamento sexual é função através da Tríplice Contingência: antecedente / resposta / conseqüente. (Identificação das relações entre estímulos Ambientais e respostas do Organismo)
Passo 5º. Definir uma estratégia específica para o tratamento da cliente
Passo 6º. Utilizar Focalização Sensorial e Dessensibilização
(1) Fonte consulta bibliográfica: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR). American Psychiatric Association. Ed. Artmed, Porto Alegre, 2003 e Reunião de Diretrizes Básicas em Disfunção Erétil e Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia – Campinas S.P. Abril de 2002.
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